Todas as raças caninas (e até os animais de raça indeterminada)
têm doenças genéticas (que são passadas pelos pais através
dos genes).
Quer se deseje um cão para criação/exposição ou apenas um
animal para companhia, será importante que saiba quais as
principais doenças que afectam a nossa raça, pois algumas
poderão, mais cedo ou mais tarde, comprometer a qualidade
de vida do seu animal, E LEVANDO O MESMO Á MORTE
PREMATURA.
O Clube Português de Canicultura não impõe qualquer
obrigatoriedade, para efeito de registos de ninhadas, de prova de
quaisquer testes de saúde efectuados aos progenitores.
Cabe ao criador essa decisão, caso deseje estar na criação de
uma forma séria, e cabe também aos futuros donos, a tarefa de
efectuarem o seu trabalho de casa antes de decidirem pela
aquisição de um cachorro, ao pedir que lhe sejam facultadas
provas desses exames.
As principais doenças genéticas que afectam a raça são:
DISPLASIA DA ANCA (HD)
A displasia da anca é uma anomalia do desenvolvimento da
articulação coxo-femoral.
Os cães nascem com ancas normais, e as alterações surgem
apenas no decurso do seu desenvolvimento.
As anomalias no desenvolvimento da articulação conduzem a
artrite e consequentemente dor. Nos casos graves, incapacidade
total.
É uma doença poligénica (em que estão implicados vários
genes) e hereditária. Embora haja quem defenda a tese de que a
doença tem em especial grande relevância em factores ambientais,
tais como alimentação e exercício inadequado, o facto é, que estes
factores por si só não podem causar a displasia da anca.
Podem, sim, influenciar a severidade da doença.
Os sintomas num cão jovem poderão ser os seguintes:
- Andamento estranho, bamboleante do trem traseiro;
- andamento em salto de coelho (com as duas patas traseiras ao
mesmo tempo).
- Coxear de um ou dos dois membros posteriores.
- Dificuldade/relutância em subir escadas e em saltar.
- Relutância em fazer exercícios (cansa-se depressa e senta-se
frequentemente).
- Redução da amplitude dos movimentos.
Os sintomas num cão adulto:
- Coxear, sobretudo a frio, ou seja, de manhã ou após ter
estado um certo tempo deitado.
- Dificuldade em se levantar.
- Diminuição da actividade física.
- Atrofia da musculatura das coxas.
- Hesitação em saltar e a subir escadas.
- Marcha com a linha dorsal arqueada.
No entanto, é muito comum na nossa raça, casos de
animais displásicos e que não apresentam sintomas. A
única forma de saber é através de um exame radiológico.
A Prevenção desta doença passa essencialmente pelo despiste
dos progenitores e de preferência dos demais antepassados,
usando apenas aqueles que demonstram ter ancas saudáveis,
através de diagnostico radiológico credível.
Na maioria dos países europeus e para este despiste, utiliza-se
o que vulgarmente se chama o método FCI, e os
rx são classificados em 5 categorias, consoante o seu grau de
gravidade.
A ausência de sinais de displasia/anca normal
B estado intermédio/ancas quase normais
C displasia ligeira
D displasia moderada
E displasia grave
Para um diagnóstico definitivo e oficial, no caso do cão de
água, os exames deverão ser efectuados depois do animal ter
completado UM ano de idade.
Desde o início de 2006, o Clube Português de Canicultura,
estabeleceu um protocolo com a Associação Portuguesa de
Médicos Veterinários Especialistas em Animais de Companhia
APMVEAC. http://www.cpc.pt/registos/displasia/displasia_anca.pdf
Pelo que a partir dessa data, e para efeitos oficiais, apenas os
exames avaliados pela APMVEAC, serão tidos em
conta pelo Clube Português de Canicultura.
RECOMENDA-SE vivamente que os reprodutores sejam
avaliados, e que se utilize apenas os que não apresentem sinais
de displasia, ou que apresentem mas em menor grau (até ao grau C).
Embora alguns especialistas defendam que apenas se deverão usar
em reprodução animais de grau A e B (que seria o ideal) o certo
é que entendemos que ao colocar fora de reprodução animais de
grau C, por ex., estaríamos a correr o risco de diminuir
drasticamente a diversidade genética da nossa raça, que é
limitada.
Um outro método, embora pouco usado, mas na nossa opinião, uma
excelente ferramenta para o criador, como complemento do método
tradicional FCI, é o método PennHIP. http://www.pennhip.org/
O PennHip é o primeiro método que determina de forma
quantitativa a lassidão articular e pode ser efectuado a partir
dos 4 meses de idade. (o "grau" de lassidão articular,
não sofre alterações ao longo da vida do animal).
Está provado que com outros métodos existe sempre uma
quantidade significativa de animais com displasia que não são
detectados, assim como a lassidão articular ser considerado o
factor predisponente para o desenvolvimento de displasia.
Este método constitui uma excelente ferramenta de trabalho para
o criador, pois permitirá seleccionar os animais que apresentem
menor lassidão articular, muitas das vezes não visível no rx
convencional.
Em Portugal, já existem alguns médicos veterinários
certificados para efectuar este exame, que deverá ser enviado
para os Estados Unidos, onde é avaliado.
NENHUM criador pode garantir que um cachorro de
2 ou 3 meses é livre de displasia. A única garantia que o
criador poderá dar, é que os pais foram radiografados e
considerados aptos para a reprodução.
As garantias que os criadores responsáveis dão, não significam
que os cachorros serão isentos de displasia da anca mas sim que
tudo fizeram para evitar o problema e que, caso a doença seja
declarada, apesar de todos os cuidados, assumem a sua
responsabilidade e procuram ressarcir o comprador, colaborando
nas despesas de tratamento e/ou devolvendo o dinheiro de
aquisição e/ou substituindo ou dando um novo cachorro.
(Nota: Para efeitos de garantia, consideramos um animal
displásico, aquele que por diagnóstico oficial seja
classificado grau D ou superior).
Os nossos reprodutores são avaliados e aptos para reprodução,
na maioria dos casos pelos 2 métodos acima mencionados.
DISPLASIA DO COTOVELO (Elbow)
Embora não seja uma doença com grande representação na raça,
existem casos reportados.
Este despiste poderá ser efectuado ao mesmo tempo que o da
Displasia da Anca, e um animal com que apresente uma boa
congruência e sem alterações articulares será avaliado
segundo os critérios do "International Elbow Working
Group", como NORMAL.
OLHOS
Algumas patologias oculares afectam a nossa raça, sendo que
algumas se detectarão mais cedo, e outras mais tarde, ou nunca.
Entropio, Ectrópio, membrana pupilar persistente, cataratas,
microftalmia, etc.
Estas patologias poderão ser observadas por médico veterinário
diplomado em oftalmologia veterinária, sendo em geral, médicos
diplomados no estrangeiro.
Alguns clubes europeus só registam os cachorros cujos
progenitores sejam submetidos regularmente a estes exames, e na
sua maioria só são aceites relatórios de veterinários membros
da ESVO European Society of Veterinary Ophthalmology.
Existem em Portugal alguns médicos veterinários nestas
condições, embora muito poucos.
Um exame destes poderá custar entre 50 a 80 euros.
A Atrofia Progressiva da Retina (PRA), é uma
doença que irá causar cegueira. Por regra, manifesta-se com a
idade (7/8 anos), embora haja casos reportados de animais jovens
cegos por serem afectados pela doença.
Já existe um teste de ADN para esta doença,
que permite com segurança, saber se o animal é livre, portador
ou afectado.
Um animal que for considerado livre (normal/clear;
A; A1) não tem o gene da doença, de forma que não será
afectado pela mesma, nem passará o gene responsável aos seus
filhos.
Um animal que for considerado portador (carrier/B;B1)
tem o gene da doença mas nunca manifestará sintomas da mesma.
No entanto poderá passar esse gene aos seus filhos.
Um animal que for considerado afectado (affected,
C) irá muito provavelmente padecer da doença e vai passar o
gene aos seus filhos.
De forma a prevenir cachorros afectados, não se deverá cruzar
dois progenitores que sejam portadores ou afectados.
Estatisticamente AO CRUZAR um animal Livre com um animal portador,
metade dos cachorros da ninhada serão livres e a outra metade
portadora (em caso algum, nenhum irá manifestar a doença
mais tarde).
Estatisticamente, uma vez mais, ao cruzar um animal livre com um
animal afectado, todos os cachorros da ninhada serão portadores
da doença (em caso algum, nenhum irá manifestar a doença
mais tarde).
Em resumo, um animal Livre poderá ser cruzado com qualquer
outro independentemente do seu estado, que nunca irão produzir
filhos afectados.
Ver a seguinte gravura
|
Normal/Clear![]() A/A1 Portador ![]() Carrier, B/B1 Afectado ![]() Affected / C |
Este exame consiste numa recolha de sangue do animal a testar, e
posterior envio para os Estados Unidos.
O preço actual é de 195 US Dollar, a que acrescentará os
custos veterinários com a recolha de sangue e o envio para o
laboratório americano, o mais rápido possível (este acréscimo
poderá ser na ordem de 100 euros, conforme os casos).
Mais informações no site http://www.optigen.com/
Os nossos reprodutores estão PRA testados (Optigen),
ou não estando, são cruzados com animais livres.
CORAÇÃO
Algumas doenças de coração afectam a nossa raça, poderão ser
detectadas por simples exame de rotina, outras por eco
cardiograma.
No entanto a mais séria e mais devastadora, é a cardiomiopatia
dilatada. Na nossa raça esta patologia é juvenil (JDCM)
e afecta cachorros entre as 5 semanas e os 7 meses de idade, no
geral. Por esta razão, em princípio, cães afectados nunca
chegarão á idade de reproduzir. É uma doença hereditária
recessiva, e causa morte súbita nos animais afectados, sendo
comum o criador ou o novo dono encontrar o cachorro morto sem
sintomas ou evidencias físicas.
Alguns cachorros poderão eventualmente manifestar falta de
apetite, de energia, vómitos e dificuldades respiratórias,
poucas horas antes da morte.
É uma doença silenciosa e sem cura. Um cachorro afectado
morrerá, sem que nada se possa fazer para o evitar.
Um animal portador será um animal saudável, sem quaisquer
sintomas, e todos os exames, incluindo eco cardiograma, não
manifestará qualquer suspeita.
Felizmente, que desde Outubro de 2007, está disponível um teste
de marcador genético da doença, desenvolvido por cientistas da
Universidade da Pennsylvania (EUA), com a colaboração do Clube
de Raça Americano.
Embora seja um teste de marcador genético, os pesquisadores
afirmam que o mesmo tem uma taxa de fiabilidade bastante alta.
http://www.pwdca.org/health/tests/JDCMtestfaqs2007.pdf
O seu custo é de 240 US Dollar por teste, a acrescentar as
despesas veterinárias de recolha de sangue e envio.
Os resultados desde teste são neste momento 1-1 (provável
livre); 1-2 (provável portador); 2-2
(provável afectado).
Perante estes dados, deverão os criadores usar pelo menos um
progenitor "1-1", de forma a não produzir cachorros
afectados.
Estamos a proceder aos testes dos nossos cães, tendo já pelo
menos 3 resultados conhecidos Gelo da Pedra da Anixa
1-1 (provável livre) TEST ID # 5028; Smoke on the Water
da Pedra da Anixa 1-1 (provável livre) TEST ID # 5167 e
Black Magic Woman da Pedra da Anixa 1-2 (Provável
portador) TEST ID # 5027.
É necessário, no entanto que se saiba, que a morte súbita
de um cachorro, não significa que a mesma seja devida a esta
patologia. Há muitas outras doenças que podem afectar coração
de um cachorro e levá-lo á morte muito rapidamente.
Apenas uma autópsia muito cuidadosa e análise pelos
especialistas da Universidade PA, poderá dar um resultado
conclusivo e fiável.
É nossa opinião e opinião da maioria dos criadores que não se
coloque fora de reprodução os animais portadores destas
doenças, correndo o risco de diminuir substancialmente a
diversidade genética na raça.
Havendo disponíveis testes de ADN, podemos sempre evitar o
nascimento de cachorros afectados.
Addison
Esta doença é provocada por um mau funcionamento das glândulas
supra-renais. Os sintomas em geral são perda de peso, vómitos,
fraqueza, depressão, queda do pêlo.
Embora esteja a ser pesquisada, até ao momento a (hereditariedade)
desta doença na raça é desconhecida. Pode ser confundida com
muitas outras doenças, pelo que não sendo tratada pode levar á
morte. No entanto, uma vez diagnosticada é tratável e o animal
poderá levar uma vida com qualidade tal como qualquer outro
animal saudável.
Fevereiro/2008
© Pedra da Anixa